segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A comemoração


A comemoração relativamente a isto foi com o Seu Jorge na Fabrik. Mas que voz deliciosa... E dança bem, o Seu Jorge ;)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E assim vai o mundo III


O metro é um dos locais onde se pode assistir às cenas mais interessantes.

Entrei na carruagem e sentei-me, como quase sempre, à janela. Ao meu lado, frente a frente, uma francesa e uma sul-africana. Pensei que se conheciam desde sempre pois falavam com um “à vontade” impressionante sobre as suas vivências aqui, na Alemanha:

Francesa: - “Em França não é nada assim! As pessoas falam umas com as outras na rua, cumprimentam-se mesmo sendo desconhecidos. Aqui não!!!”

Sul-africana: - “Pois! Na África do Sul também! Aqui é muito diferente. As pessoas não são simpáticas! Não falam com as pessoas na rua… A relação humana é muito estranha.”

(e esta conversa durou pelo menos uns… 10 minutos. 10 minutos para dizerem “à vontade” o que lhes passava na cabeça sobre este país. Em alemão :) Na verdade, para dizerem mal da Alemanha, o país que as acolheu)

Francesa: - “Pronto, saio aqui nesta estação. Gostei muito de te conhecer!”

Sul-Africana: - “Ah, mas olha, devíamos trocar contactos! Leva o meu, toma.”

Francesa: - “Trocar contactos? Para quê????? Tchau!”

Sul-Africana (com cara de tacho): - "Hmm...?"

Eu (em pensamento): “Isto é que vai aqui uma açorda…”

Imagem daqui.

Missão impossível? Nada disso!


Ainda antes de receber a carta de despedimento, já me “cheirava” que a tal crise iria sobrar para mim: o trabalho envolvido no projecto de investigação onde trabalhava não justificava as duas pessoas, eu e a minha colega. Uma de nós, mais cedo ou mais tarde, iria ser dispensada (para além da empresa de construção que estavam a tentar criar, motivo principal para a minha contratação, não ter ido para a frente).

Sobrou para mim.

Desde esse dia (meados do mês de Março) e hoje já foram dispensados uns 20 trabalhadores daquela empresa. Ao que parece, actualmente, aquele open-space que me acolheu lá para os lados de Harburg, mais parece um espaço fantasma (segundo relatos de ex-colegas com quem mantenho contacto).
A verdade é que o trabalho envolvido no tal projecto não era muito. Digamos que foram vários os dias que passei naquele open-space a contar as horas para ir para casa. Sim, sim… Também eu pensei que era o sonho de qualquer um: passar quase 8 horas num local com acesso à Internet e no fim do mês pingar um salário de... Vá, de respeito :)
Acreditem, não é.

Tinha decidido, mesmo antes de receber a “tal carta”, que se a minha situação no trabalho não se alterasse (se continuasse naquela pasmaceira) que iria mesmo pedir a demissão e ir à minha vida. E até já sabia qual era o caminho que quereria abraçar: energias renováveis.

E assim, foi: fui despedida e passado um mês estava a tratar da papelada para fazer, mais uma vez, formação profissional. Decidi pela formação em energia solar e energia eólica.

Meses passaram-se até eu ter em mãos o certificado (da formação) que precisava para colocar no CV e que iria apresentar às empresas aquando da minha candidatura.

“Meses passaram-se”… Escrito assim até parece que foi coisa fácil… Passo a explicar o que se passou durante esse tempo: dois meses de formação na língua alemã :) incluindo apresentações dos projectos desenvolvidos nas aulas; aperfeiçoamento do CV em alemão; aperfeiçoamento da carta de apresentação em alemão; preparação de um flyer com o meu CV (merece um post); preparação de cartões de visita; estudo das empresas no mercado das energias renováveis; candidaturas; espera pelas respostas das empresas às minhas candidaturas; ah! E espera pelo fim do subsídio de desemprego :S
Falemos em números: SEIS meses passaram.

É um processo de aprendizagem, principalmente sobre a nossa pessoa: quem somos? O que procuramos? O que nos faz sentir feliz num trabalho? O que não aceitamos de certeza?
Aprendi que é necessário responder a várias perguntas como estas. Porém, é essencial que sejamos honestos connosco, porque se não acreditarmos no que pensamos saber sobre nós, nenhuma empresa acreditará ao ponto de nos oferecer trabalho. Ou, se acreditar, mais cedo ou mais tarde perceberão que a pessoa que contrataram não é aquela que esteve na entrevista.

Duas entrevistas, duas propostas interessantes de trabalho.
A decisão já foi tomada pela minha parte e começarei em Novembro a dimensionar torres eólicas aqui, em Hamburgo.
Nunca pensei que o processo para arranjar trabalho fosse tão rápido… Mas consegui, mesmo em boa hora já que o subsídio de desemprego acaba este mês!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O quanto dói ouvir a verdade?

A mim, imenso. Aqui.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Carta ao Bernardo

Caro Bernardo,

obrigada pela visita ao blogue "ainda-vou-a-tempo".

Realmente "isto" não anda fácil para arranjar emprego, em qualquer que seja a área. Há muito que não actualizo o blogue decentemente, mas como deve ter percebido enveredei pelo caminho das energias renováveis. Não sei se foi boa aposta ou não, veremos qual será o resultado.

Nunca trabalhei aqui na Alemanha numa construtora nem em qualquer empresa de projectos de edifícios. Trabalhei sim, num projecto de investigação da área da construção, que nada tinha a ver com o que fazia em Portugal (direcção de obra).

O que poderei dizer a quem quer tentar a sorte lá fora?... Sinceramente não sei. Eu própria ando a tentar perceber quais os caminhos que devo percorrer. E não tenho tirado grandes conclusões, mas posso relatar "pequenos factos" que tenho visto por aqui. É um facto que, por aqui, em Hamburgo,

1. Arquitectos, físicos, engenheiros, técnicos especializados, informáticos, etc., alemães, estão desempregados (que dirão os estrangeiros?).

2. A oferta de trabalho, nesta altura, é grande. Setembro, Outubro e até Novembro, são bons meses para procurar emprego por aqui, porque as empresas procuram equipas para projectos que começam no início do ano.

3. A PROCURA é, porém, também enorme: arquitectos, físicos, engenheiros, técnicos especializados, informáticos, etc... Todos com formação superior :) Ou seja, ser-se licenciado é sempre uma vantagem, mas não somos os únicos... Longe disso!

4. Para além de pessoas com diplomas de ensino superior, encontra-se muita gente com formação extra profissional. Ou seja, o patamar de formação dos candidatos é tão elevado, que se torna muito competitivo o mercado de trabalho.

5. Mas, desengane-se quem pense que a experiência profissional especializada é muito melhor e a tábua de salvação: técnicos especializados, informáticos e até gestores de projecto com 10 e 15 anos de experiência, estão desempregados e à rasca para encontrar trabalho...

6. Alemanha continua a ser o "motor" da Europa, mas não tem qualquer problema em fazer "Offshoring".

7. A língua pode ser um entrave para um estrangeiro conseguir um emprego.

A realidade é dura. O único conselho que dou (quem sou eu para dar conselhos...?????) é procurares saber quem tu realmente és, procurares caminhos arrojados, diferentes, inteligentes, enfim, procurar ser melhor que todos os outros. Há de certeza um lugar para ti. E para mim ;) !

Não tenho qualquer contacto com empresas de construção de edifícios. Eu gostava de arranjar contactos a todos os que encontram o meu blogue, mas a verdade é que, como deves calcular, não está fácil... Nem para vocês nem para mim. Mas o importante é não desistir e como te disse, procurar ser... Diferente ;)

Ana

p.s.: aqui procuram exactamente a mesma coisa que em Portugal procuram há 20 anos: "recém-licenciado, com 5 anos de experiência, que domine 4 línguas" :D