quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algo sobre Hamburgo


Comecei este texto como um simples comentário a alguém que visitou este blogue e que me pediu algumas dicas sobre Hamburgo. Mas achei que para comentário, já estava bastante looooongo :D
Sobre Hamburgo (HH)... Por onde começar? Bom, Hamburgo é uma cidade fantástica e virada para o mundo exterior a ela. Na altura dos "nossos" Descobrimentos, Portugal e HH eram bem conhecidos entre si, devido às suas características portuárias e mercantis. HH era e ainda é passagem obrigatória para muitos cargueiros. Intitula-se mesmo como "Cidade Livre Hanseática". Por aqui existem muitas referências portuguesas. O antecessor do actual NE Sagres português, foi aqui construído e aqui retornou. Aliás, todos os NE Sagres foram aqui construídos nos estaleiros do porto de HH.
Existe o Quarteirão Português (no Campeonato Europeu de Futebol foi assim) onde se pode caminhar e sentir que se está "quase em Portugal". É aqui que se encontra a parte significativa de restaurantes portugueses, e daí o nome atribuído. Lá consegue-se matar as saudades de um bom peixe grelhado, ou de uma Chanfana, Caldeirada, Mexilhões à Bulhão Pato, enfim... E nada de muito caro. Uma dose ronda os 17 € mas dá à vontade para 2 pessoas. Sobremesas típicas portuguesas é que não se fazem por estas bandas. Parece que não rende! Os alemães acham-nas muito doces (como é possível...?).
Nas primeiras semanas da minha estadia aqui, percebi que a comunidade portuguesa era enorme e muito bem integrada. Quis saber um pouco mais sobre o porquê, e eis que me vejo debruçada sobre o computador a ler sobre os Judeus Sefarditas (oriundos da Península Ibérica) que no século XVII "foram expulsos" de Portugal, acabando por se deslocarem para estas bandas. Existe em HH um cemitério de Judeus Sefarditas cujas inscrições estão mesmo em português. Diz-se até que os judeus sefarditas tiveram uma grande contribuição para o desenvolvimento económico (e não só) de HH, pois quem aqui chegou, eram pessoas de classes sociais elevadas (quem tinha dinheiro para nessa altura fazer uma viagem deste tipo). Cientistas, médicos, comerciantes, mercadores, literários, escritores, professores, etc., abandonaram Portugal e dirigiram-se para cidades como Hamburgo e Amesterdão.
Dizem também que uma das substituições da cúpula de uma das mais conhecidas igrejas de HH, St. Michaelis, foi oferecida por um português muito importante na altura.
Hamburgo tem um pouquinho de tudo: moderno - antigo (nada que se compare com Portugal), alternativo - normal, barato - caro. Existe oferta para todos os gostos.
Sobre a história da cidade há muito para contar!
Hamburgo sofreu dois grandes incêndios dos quais, o 2° em 1842, provocou a destruição de 1/4 da cidade. Do que tinha sobrado e sido reconstruido foi quase tudo destruído durante a 2a Guerra Mundial. Realmente sobra muito pouco da cidade mercantil da altura dos "nossos" Descobrimentos. Edifícios e ruinhas velhinhas como temos em Portugal, esqueçam! Um dos edifícios que sobreviveu e que não foi propositadamente restaurada desde a altura dos bombardeamentos, é a igreja de St. Nikolai: para que a memória de uma guerra permaneça nos dias de hoje.
A Câmara Municipal, é também ponto obrigatório de visita. Edifício antigo que conseguiu escapar, não se sabe bem como, à sina que já lhe tinham traçado também na 2a G.M.. Era suposto não restar nada dela, mas afinal, a bomba que caiu sobre ela não detonou. O gatilho dessa bomba encontra-se numa das salas em exposição.
Existe a zona do porto, claro, que nao pode faltar numa visita turística, principalmente em Maio, altura do aniversário do porto. É uma festa gigantesca, com vários barcos novos e antigos que desfilam pelas águas do Elbe, carroceis, barracas com tudo e mais alguma coisa, fogo de artifício, espectáculo aeronáutico, etc. Este ano calha no fim-de-semana de 8 a 10 de Maio.
Por aqui há um grande hábito de não terminar as noites de Sábado no sítio onde se começa, em Reeperbahn. Quer dizer, a noite termina-se mas o dia seguinte é que é iniciado no Fischmarkt. Enquanto os vendedores se preparam para mais um dia de mercado, o pessoal que passou a noite em Reeperbahn encontra-se no interior do edifício do antigo mercado para mais umas cervejas e alguma música ao vivo.
Depois temos os parques. Lindíssimos! Existe o parque da cidade, enorme, onde no Verão costuma estar cheio de gente a fazer os seus grelhados e a jogar vários jogos. Temos também o Planten und Blomen (em pleno centro da cidade) que não tem a dimensão do parque da cidade mas é de um requinte totalmente diferente. Neste área podemos visitar a estufa, o jardim japonês, o espectáculo de luzes e ainda passear entre a sua diversificada flora.
Ficava aqui a escrever sobre esta cidade pela noite fora...
Hamburgo, na minha opinião, é uma cidade a não perder. Visitá-la não deixa ninguém desiludido!

3 comentários:

  1. Olá Ana:)

    Obrigada pelo artigo.Boa opção!
    E também pela oferta do cafezinho e da companhia.
    Quem sabe na Primavera?:)
    Entretanto, vamos falando através das caixas de comentários:)

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  2. Estive agora a ver os links...
    a Igreja de São Nikolai não deixa ninguém indiferente.Toca cá dentro.
    Fiquei curiosa pela festa de aniversário do porto, pelo jardim japonês e pelo cemitério judaico.
    Vou falar com o meu husband sobre a hipótese de lá irmos na altura da festa:)
    Obrigada pelas dicas:)

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  3. Acho que é uma boa opção para umas férias de Primavera! No ano passado na altura do aniversário do porto estiveram dias bem solarengos! E não choveu!
    Nesse fim-de-semana a cidade enche-se de gente de todos os cantos do mundo. Por isso atenção a reservas de hotel e espectáculos que queiram ver.

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