quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Esqueçam o cabrito!


Pois o que eu quero mesmo para a ceiade Natal é um bacalhau cozido com tudo a que ele tem direito incluído!

E mais só tenho a dizer que a mala se encontra pronta para apanhar o comboio até Estugarda onde se realizará a festa de Natal da minha empresa. E só para a outra semana irei até Portugal. Não me parece que venha a ter tempo para aqui postar o que quer que seja antes de 2010, por isso:

Feliz Natal cheio de momentos doces, rodeados por quem muito vos quer e já agora, "alguns" docitos :D

P.S.: para Portugal levo a mala de sempre vazia, e a mesma predisposição para ganhar um quilo por perna por semana, como sempre...

domingo, 6 de dezembro de 2009

TAUC em HH


O projecto já tinha dois anos. Foi pouco tempo depois de ter chegado a Hamburgo que decidi escrever o projecto "DIGRESSÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DA T.A.U.C. A HAMBURGO".

Hamburgo é uma cidade deliciosa para qualquer português viver. As pastelarias, os super-mercados portugueses, a manhã domingueira na Lange Reihe, os bailaricos, as castanhadas e sardinhadas, etc.. Porém sentia, há dois anos atrás, que a cultura portuguesa nesta cidade se cingia a: futebol, pastéis de nata, galão e fado de Lisboa. Tinha chegado a hora de trazer cá algo mais: o Fado de Coimbra e pelas mãos da minha querida Tuna Académica da Universidade de Coimbra.

Novembro de 2009 foi o mês da concretização deste projecto.

Foram quatro dias que passaram num ápice!
Entre aeroporto, trânsito, hotel, locais de espectáculo, restaurantes, metro, barcos, caminhos à chuva, bares, cantos da cidade, foi óptimo poder estar com um grupo de amigos que eu conheço há anos. Gargalhadas, recordações, novidades da vida de cada um, piadas, sonhos, ansiedades. Tudo isto e muito mais partilhado entre nós os sete, em pleno Hamburgo. Hamburgo, cidade que me acolheu a mim e ao R. e a quem nós retribuímos, presenteando-a com uma parte da nossa cultura, da nossa cidade natal, de nós.

Mas a partilha não se ficou só entre nós os sete. Eu já sabia que o carinho das pessoas que ajudaram a concretizar esta digressão, mais o próprio público, iria estar sempre presente. E assim foi. O senhor alemão, que apertando a mão ao dono do restaurante onde se realizou um dos concertos, dizia: "Obrigado pela oportunidade de assistir a este espectáculo. Para quando mais?". Ou o outro que apartando o ombro de um dos organizadores, exclamada: "E eu que pensava que Fado só o de Lisboa, hei?!".
A salva de palmas, em ambos os espectáculos, foram longas. E com razão! O grupo actuou muito bem, conseguiu envolver o público com as diferentes canções e cativou a sua atenção com histórias (com tradutor em palco!) sobre os temas, traje, guitarra, etc..

Para mim? Para mim, os espectáculos foram apreciados de forma diferente de há 12 anos atrás. Confesso que foi uma mistura de duas sensações: a de egoísmo (a de poder usufruir o espectáculo, como parte do público, apenas e só) e a de partilha (para com todos aqueles "não-portugueses" que de alguma forma se sentem ligados à minha cultura, a quem eu só posso abrir os braços e dizer "bem-vindos a nossa casa"). E claro que foi uma choraminguice pegada... Quis lá eu saber? Estava em família :)

Meus queridos, voltem sempre! E tragam mais ;)

"E-mail à S."

Que ficou com a sensação de que não gostei do Dubai:

"Eu gostei muito de lá ir! O que escrevi sobre a diferença entre Dubai e Hamburgo, faz parte da recolha de "conclusões" da vida que tenho tentado retirar em todas as minhas experiências. Eu sou assim, tenho necessidade de escrever sobre as coisas em que penso. Não quer dizer que tenha sido a única conclusão que tenha tirado! Mas foi uma das mais importantes para mim, como ser humano! Não para mim, a Ana que emigrou para Hamburgo. Mas para a Ana, como pessoa.
Foi a porta de entrada para assuntos muito delicados como a existência de mão-de-obra escrava que sempre se soube que existia no Dubai, mas que nunca tinha visto com os meus olhos. Por vezes é preciso Ver / Sentir para se perceber do que falam / sentem os outros (aliás, mão-de-obra escrava existe no Dubai e até no nosso próprio país! Tive foi a oportunidade de a Ver no Dubai).
O texto que escrevi anda à volta de uma pergunta "Hamburgo ou Dubai?", sim. Mas é muito mais que uma pergunta de destino. Foi a minha maneira de pensar e de deitar cá para fora (em palavras) mais uma conclusão de como é o mundo - essa "coisa" tão grande e tão culturalmente diversa. E talvez mais um passo para eu entender "afinal, onde acabaremos nós por viver? Fora ou dentro de Portugal?" ;) "

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Hamburgo ou Dubai?




Todos que acompanham este blogue, todos aqueles que conseguem ler os meus mega-giga-super mails sobre a minha vivência por estas bandas, sabem que a minha vinda para a Alemanha tinha um propósito. Resumidamente foi com o intuito de aprender como se trabalhava num dos países "ditos" mais produtivos da Europa. Queria, fundamentalmente, perceber porque é que Portugal "estava como estava" e a Alemanha não...

Decidimos este ano encurtar o Inverno por terras frias e fazer férias em terras quentes. Fomos, como sabem, até ao Dubai.
Adorei o tempo lá passado com a L. e o N. que se esmeraram em nos mostrar o que de verdadeiro tem o Dubai, Abu Dabi, Oman e Fujairah (leia-se Fujeira ;) palavra portuguesa).

Esta viagem foi para mim muito interessante, gratificante e esclarecedora. Deu para perceber, finalmente, "porque é que nós, eu e o R., não conseguimos fazer dinheiro embora tenhamos emigrado para a Alemanha"!
Para os mais curiosos, não, um Mercedes não se compra após trabalhar apenas 5 anos na Alemanha :) Agora, no Dubai... A história já é outra. Provavelmente, a L. e o N. voltarão a Portugal com dinheiro na mão para comprar a pronto uma casa e ainda restar algum para recomeçar confortavelmente a vida por lá. Eu e o R.? Nem pensar :P

Façamos rapidamente umas contas, para o nosso caso: praticamente metade do que ganhamos fica nos impostos; para arranjar trabalho há que investir na formação (já lá vão quase 4.000€ em aulas de alemão mais 3.000€ para seminário em CAD felizmente pago pelo estado); gasolina a 1,5€/l (e não 0,13€ como no Dubai); seguro automóvel 600€/ano (do mais básico); viagens à terra para estar com amigos e família; etc...
Ainda no outro dia nos bateram à porta e perguntaram se tínhamos rádio em casa. Ao que respondemos "Claro que não!!" (já nos tinham avisado para não deixarem ninguém entrar em casa para verificar quantos rádio temos ou televisores. Azar dos azares, naquele dia, decidimos abrir a porta...). "Nisso, não acredito. Mas tem carro, não têm?", nosso pensamento: "já fomos..." Conclusão? Toca a pagar imposto por ouvir rádio no carro. E tivemos sorte porque o senhor até foi porreiro e não nos fez confessar que para além de ouvir no carro, ouvimos (sim, senhora!!) rádio em casa bem como televisão!! "Ah e tal, sabem, é o meu trabalho... Também tenho patrão a quem prestar contas... blá blá blá". Para além de pagar uma taxa anual de 72€/ano (ok, não é muito) ainda levámos em cima com os meses desde que temos o carro registado na Alemanha :S Quase 100€. E é assim, que as despesas crescem e crescem, e nós nem damos pelo dinheiro a sair da conta :)

A verdade é que há que perceber uma coisa. Algo que eu percebi com esta viagem. Todos temos um objectivo atrás do qual corremos atrás. E dependendo desse objectivo, "apuramos o nosso faro e corremos atrás do queijo".

Comparar os dois ambientes, na Alemanha e no Dubai, daria pano para manga. Mas o que vos queria dizer é que, os impostos que pagamos e que quase nos deixam lisos ao fim do mês, é o preço que se paga por uma certa segurança e conforto. Segurança de saberes que mesmo que fiques sem trabalho, o estado apoia-te financeiramente (ou pelo menos devia); conforto de poderes usufruir de uma rede de transportes públicos que te permitem deixar o carro em casa ou se preferires conduzir, teres uma rede rodoviária com nexo. No Dubai não pagas impostos, mas se tiveres alguma reclamação a fazer, esquece. Reclamar por uma rede de transportes públicos decente, no Dubai? Esquece. Se não pagas impostos, o que pensas tu que podes exigir? Não tens trabalho no Dubai, embora precises de dinheiro para alimentar a tua família? Esquece e volta mas é para a tua terra!

O que quero com este texto dizer é que tem de existir uma certa consciência das diferentes realidades / culturas do país onde queremos viver. Não existem situações perfeitas, porém, basta ser a situação que nós consideramos ser a melhor.

Sobre as férias em si?? Adorei. Paisagem belíssima, mente completamente "em férias", acompanhados sempre pelo carinho de quem nos recebeu, muita roupinha de Verão usada, e muitas obra espectaculares de engenharia civil vistas com os meus próprios olhos. Que mais poderia eu pedir para umas simples férias de Inverno?

Nota importante: informações sobre "procurar emprego no Dubai" não estão disponíveis neste blogue nem no mail a ele associado, tá?????

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vou de férias!


Mal posso esperar! Ando MESMO a sonhar com SOL, CALOR, CÉU LIMPO, MAR, PRAIA, SAIAS, CAMISOLAS DE ALçAS, VESTIDOS, SANDÁLIAS... Enfim. A lista é longa.

Ao que parece, também há umas montanhas para os lados do Dubai :)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Atalhos vertiginosos da lucidez

Um texto que encontrei no blogue referido no título deste post. Fantástico este esclarecimento sobre "contas à vida na Alemanha". Eu não faria melhor!

Para os interessados, aqui fica:
http://rafaheiber.blogspot.com/2007/08/impostos-na-alemanha.html

domingo, 1 de novembro de 2009

Fado de Coimbra chega até nós

"Livramo-nos dele?"


No outro fim-de-semana fui fazer uma formação.
Enquanto esperávamos pelo instrutor, chegou um senhor na casa dos 55 (também aluno), muito... "Alegre"!
Tinha realmente problemas com álcool.

Durante o intervalo ouvi alguns comentários do género: "Foi de certeza o centro de emprego que o mandou para aqui! E de certeza que lhe estão a pagar o curso na integra!" ou "e naquela mochila devem estar garrafas de álcool, de certeza!" ou "eu topei-o logo que entrou!".
Eu também já fui ajudada pelo centro de emprego há um ano e muito agradeço por isso.

A formação era de apenas dois dias, e no fim da primeira parte do primeiro dia, o senhor foi "convidado" pelo instrutor a abandonar o curso.
Falava demais, falava alto demais, queixava-se demais. Ou era o professor que explicava depressa demais, ou era o computador que não respondia aos seus comandos, ou era o teclado que era diferente daquele que estava habituado, etc..

Era a imagem de alguém que queria vencer, o que a falta de actualização na área informática já não permitia.

Não me sai da cabeça a imagem do senhor a arrumar os seus cadernos após o intervalo, dizendo que outros compromissos tinham surgido e por isso se ia embora.

Se aquela formação não era a adequado para aquele senhor, culpa tem o estado alemão que preferiu pagar ao senhor este curso em vez de o reencaminhar para outra formação que podia ser mais útil para ele. E quando digo estado alemão, quero referir-me a TODOS os estados. É muito mais fácil para os governos entreterem o pessoal com cursos de formação do que encontrarem soluções adequadas, noutras áreas, para estes casos.

O que terá feito o senhor depois de arrumar as suas coisas? Simples, foi beber da sua garrafa mágica, com a esperança de esquecer o que a sociedade pensa dele: que já há algum tempo ele deixou de fazer parte dela.

Iluminados

O que eu gosto mesmo, assim mesmo, mesmo, mesmo, é de ouvir alguns alemães a dizerem-nos, a nós emigrantes, o seguinte: "Pois tu não percebes muito bem alemão, e o teu inglês também não é grande coisa!"
Gostava que estas pessoas conseguissem "atingir" uma coisa: nós (os emigras) comunicamos no dia-a-dia em duas línguas em que nenhuma delas é a nossa língua materna.

Queria ver os "iluminados" que mandaram estas bocas a conseguirem, sequer (!), manter diálogo de super-mercado numa terceira língua qualquer!

Ei, "Iluminados"! Abram os vossos horizontes!!!!

Hamburg by night :)


Por aqui em Hamburgo, as nossas investidas a eventos "culturais" não tem parado.
Há uns meses fui até à Dollhouse a convite de uma amiga. É sim, uma casa de striptease. De ambos os sexos. Quando entrámos no estabelecimento os meus olhos fixaram-se em pés que apareciam por cima do nível das cabeças de toda aquela clientela. À medida que avançava entre as pessoas percebi que os pés que dançavam no ar, pertenciam às meninas que faziam "table dance".
Durante uma hora estive a apreciar o "movimento" dos funcionários. Entre "table dances" e danças em diferentes palcos (principal, pequenos laterais e balcão), não havia um minuto de descanso para aquelas pessoas. À sua vez, todos os stripers preenchiam um destes locais.
Nunca tinha entrado numa casa de strip, mas a sensação com que de lá saí foi que nenhum daqueles "funcionários" tinha realmente prazer no show que fazia. Aliás, como as "table dance" não são à porta-fechada, deu perfeitamente para apreciar o quanto estavam a gostar do trabalho que faziam: num deles, em que eram duas raparigas, enquanto faziam os jogos de sedução para os clientes, apercebi-me que entre os dentes, iam falando sobre os seus planos para o dia seguinte (tomar café, fazer um piquenique, sair com os amigos). E os ditos clientes de olhos fixados para os seus "traseiros" nem uma palavra do que elas diziam, pescaram.

Esta semana, em vez de striptease, fomos até a um show de travestis no Pulverfass. Bom, pensei eu que seria só de travestis, mas enganei-me. Também houve qualquer coisa para a plateia feminina ;)
Houve espectáculo de homens vestidos de senhoras que cantavam (e muito bem!) e faziam comédia (interagindo com o público) e de rapazes com corpo de mulher (menos o órgão sexual) que dançavam e desfilavam mostrando o seu corpo.
Em ambos os casos percebi que os homens que ali se apresentaram, eram felizes quando subiam ao palco pois podiam, finalmente, ser quem realmente sentiam ser.
É disto que estou a falar.
Recomendo!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Já começou a contagem decrescente!

Recheada de coisinhas boa

Tem sido um ano muito recheado! De que? Do que mais os emigrantes gostam de receber: visitas.
Primeiro foi a S. e o R., depois o Pai Tó e companhia, a S. e o B. de terras de Sua Majestade, e agora a C. e respectiva família directamente do sul da Alemanha.
É sempre bom ter a casa cheia. Casa cheia, significa "vida cheia". E isso sim, eu sei que tenho.
Obrigada a todos por estarem na minha vida. E por me deixarem fazer parte da vossa.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Já cheguei e não gostei...


...do que senti: FRIO.
Só para que saibam porque ando desaparecida - estou a tentar recuperar do choque. Choque térmico: na 2a-feira estivemos na esplanada do aeroporto de Lisboa com 30 graus. À noite, quando chegámos a Hamburgo, esperavam-nos 0 (ZERO) graus.
Haja paciência!

domingo, 27 de setembro de 2009

Varekai


Foi lindo. Ainda me lembro de ver o espectáculo na televisão e pensar "quando for grande quero estar lá, na plateia!"
Não sei se ter 30 anos significa ser grande mas que estive , estive!
Parecia a mesma miúda de seis anos quando o pai, pela primeira vez a levou ao circo. Não sabia se havia de bater palmas ou se continuar a olhar para todas aquelas cores e movimentos, com medo que um simples bater de palmas fizesse desaparecer todo aquele espectáculo. Adorei.
Esta é uma das vantagens de se ter emigrado para uma cidade onde tudo acontece a preços incríveis!
O que eu me ri com esta cena e esta. E quanto ao solo de muletas, tivemos o prazer de assistir à original, em que o actor/malabarista é deficiente motor, e a beleza dos seus movimentos não se compara com a dança coordenada desta cena.
Adorei.

Por esta é que eu nao esperava!


Afinal, parece que há pessoas que lêem mesmo este blogue! Eu tinha uma esperança, mas sempre pensei que as minhas palavras não iam além das portas do circulo de amigos mais próximos :) Obrigada à Voz da minha consciência.
Pois eu acho que estes prémios tem a seguinte importante função: divulgar blogues e dar oportunidade para que outras portas se abram "além circulo de amigos próximos".

E por isso, aqui vão as minhas nomeações:

Presépio com vista para o canal
Trinta por uma linha
Mind this gap
Um blog pelo ambiente
Socas moinhos e bicicletas

As regras são :

1. Exibir a imagem do selo
2. postar o link do blogue que os escolheu
3. indicar outros blogues
4. avisar os blogues escolhidos
5. publicar as regras
6. conferir se repassaram o selo e as regras

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Há dias assim...

É fácil pensar-se apenas nos resultados. Mas os resultados só existiram depois de muito batalhar. Não foi fácil! E continua a não ser fácil. Mas só quem passa por elas é que sabe :)

p.s.: o trabalho não correu lá muito bem.
p.s.2: Gehen wir nach Heim?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Anita com a família em Hamburgo


O pai Tó e a mana Jo vieram visitar-nos. Como não poderia deixar de ser, tinha tudo programado (quase sem espaço para respirar) pois havia muita coisa para ver em três dias e meio! Acho que ficaram mesmo de rastos. Confesso que até eu! Mas viram e fizeram tanta coisa que posso dizer: "missão cumprida!".
Houve tempo para tudo: fazer caminhadas nos parques verdes, passear de barco, subir a torres para se ver a vista, comer até abarrotar bem como Imbiss, nadar em águas termais, apanhar chuvada (e respectiva molha) e tirar muitas mas muitas fotografias!

Gostei mesmo de vos ter por cá. Voltem sempre!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nao há condicoes!


Nao há condicoes para trabalhar! Quer uma pessoa escrever (PENSAR) em ingles e os meus colegas decidiram agora comecar uma conversa (em alemao, claro!) sobre "o que está mal e o que está bem" aqui na empresa... Estou mesmo a ver que só acabam esta conversa lá para a hora de almoco. E eu aqui a tentar "pensar" / trabalhar...
É que nao se calam! Haja paciencia.

Imagem daqui.

p.s.1: ainda dizem que os tugas é que sao fofoqueiros :P

p.s.2: e vai mesmo um post sem acentuacao!

domingo, 23 de agosto de 2009

Era já amanhã!


Este ano resolvemos fazer ao contrário. Em vez de ir a Portugal no Verão (e ir à praia, tomar sol a sério, comer peixe até fartar, visitar as feiras medievais, pular no Andanças, etc.) decidimos passar o Verão em Hamburgo. Quando o Inverno chegar a Hamburgo, faremos então férias no Dubai.

Mas não deixa de ser uma sensação estranha, saber que agora tudo se passa em Portugal (Verão, essa estação do ano de que tanto sentimos falta!) e nós aqui... É a mesma de sensação de quando se sabe que há uma festa para a qual não fomos convidados.

p.s.: Voava já amanhã! Mas a família está a caminho de Hamburgo... :D

Foto daqui.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Vanille Puddingtörtchen aus Portugal


Mas quem é que decidiu inventar por estas bandas que as Natas são pudim? É que não tem nada a ver!!! E para mais, colocam essência de baunilha... Mas vá lá! São já poucas as pastelarias que ainda usam a baunilha (bolas!).

p.s.: sabem que se os Pastéis de Nata estiverem queimadinhos por cima, os alemães não os comem? Provoca cancro, argumentam eles...

Bom dia!


Ontem, o pessoal que trabalha no meu piso, recebeu um email de um dos chefões a dizer que a empresa iria receber clientes e que parte da reunião seria no nosso openspace. Gentilmente pedia ao pessoal para "arrumar a casa" (recolher garrafas vazias, arrumar as pastas, etc...). A equipa do projecto europeu lá fez a sua parte: pendurou finalmente os cartazes do projecto que andaram meses aos rebolões pelo chão :) E a Ana ainda fez mais: vestiu-se que nem executiva (para dar melhor aspecto).
Embora tenha dormido mal e me tenha arrastado (literalmente) por uma viagem de U-Bahn mais S-Bahn de 30 minutos (não contando com os 10 minutos que tenho de fazer a pé), consegui chegar ao escritório antes das 10h, mesmo a tempo de ser vista pelo chefão e clientes, sentada à secretária a teclar no portátil.

Terminada a reunião, o grupo dirige-se para a porta da saída e quando passam por mim, oiço o chefão a dizer: "and there is our native portuguese speaker!". E eu para os meus botões: "Eh lá! Esta foi para mim!". Imediatamente coloquei em piloto automático o meu simpático sorriso (de orelha a orelha) e disse: "Bom dia!", seguido naturalmente de um "Hallo!".
E esta, hei? Querem lá ver que os tais clientes eram tugas???

Fico mesmo contente que empresas portuguesas (e até o governo português, segundo palavras do chefão, num dia que veio meter conversa comigo) estejam a investir em serviços de consultoria alemã e ainda por cima onde eu trabalho. Para mim, é um bom sinal! Aliás, um óptimo sinal ;)!

p.s.: Confirmado: era português.

domingo, 16 de agosto de 2009

Menos uma pergunta

Quando saí de Portugal, não tinha dúvida nenhuma que as perguntas que existiam na minha cabeça sobre o mundo em geral teriam, mais cedo ou mais tarde, respostas.
O que procurava (e ainda procuro) é perceber como é que Portugal tendo sido / sendo o país que é (com grandes potencialidades), está como está. A única resposta que obtinha sobre esta matéria era: "Ah, os políticos e tal... Sabes como é!" (detesto quando me impingem um só lado da questão...!!).

Pensei que a melhor maneira para perceber o que se passava em Portugal seria conhecer outros países, compará-los e tirar uma conclusão.

Mas não é que a conclusão está a demorar um pouco mais do que eu pensava a ser tirada? E que estou completamente baralhada? E que cada vez mais tenho a certeza de que esta Vida não me dará tempo suficiente para perceber sobre isto? E olhem que, segundo uma amiga minha que SABE ler "as mãos", vou morrer "velha e seca". Portanto, estou a contar em ficar por "cá" pelo menos uns 90 anos.

Mas tenho conseguido obter algumas respostas. Não sobre Portugal, especificamente, mas sobre muitas outras questões.

E como não sou nada egoísta e porque gosto de partilhar algumas das minhas conclusões, aqui fica a referência a um pequeno filme (deste modo, não tenho de maçar os leitores deste espaço com textos de metro e meio). São só 40 minutitos que valem bem a pena!:
http://www.thewave.tk/

Mais informações sobre o filme / livro aqui.

(Não gosto de generalizações. Há diversos povos/culturas por este mundo fora. E generalizar sobre cada um deles, não é o caminho. Há coisas que acontecem e em nada estão relacionadas com a palavra cultura de um país... Vamos lá a reflectir um bocadinho!)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Anita na praia


Ouvi dizer que o pessoal anda meio aborrecido em Portugal. Tempos de férias e tal e sol, nem visto. Por aqui, também não tem sido melhor, já que os emigras foram todos de férias. Só ficaram mesmo aqueles que aguardam pelo tempo de Inverno para ir dar os seus passeios. Mas mesmo assim, tenta-se preencher algumas falhas, como por exemplo: IR À PRAIA. Ah, pois é! Aqui bem no norte também há praia. E que bem que se está lá, como podem ver pelas fotos.
É um local parecido com... :D Algarve, admirem-se! Quer dizer... Ok, não tão parecido com Algarve. Mas é sem dúvida um sítio turístico com muita gente.
O R. ainda chegou a tomar uma banhoca, depois de eu insistir com ele que a água estava maravilhosa (pelo menos para os meus pés :D ) mas depois acagaçou-se com as "Águas-vivas". Pelo que percebi, só as que tem um anel vermelho é que são perigosas.
Acabámos o dia a assistir a um maravilhoso Pôr-do-sol de um lado, e a lua cheia do outro. Não estava à espera de uma surpresa destas por estas bandas, devo confessar…

sábado, 8 de agosto de 2009

27°C


Está um calor que não se pode!!!
Como é que eu aguentava os 40°C que faziam quando eu era cachopa...?
A ver se vou até à rua refrescar-me! Bolas...

domingo, 2 de agosto de 2009

"Mas é actriz?"


Mary é uma doçura de amiga. Colombiana e de temperamento muito parecido com o do português. Nascidas em lados opostos do Oceano desenvolvemos rapidamente uma relação de amizade. Não vos sei explicar, mas é mais fácil fazer amizades com latino-americanos do que com alguns europeus :) Já dizia a Mary: "Afinal, nós viemos de Espanha...".
É fotógrafa profissional e já fez várias campanhas publicitárias aquando da sua permanência em Bogotá (Colômbia) e Costa Rica. Trabalhou para as campanhas da MacDonalds, Marlboro, Coca-Cola, etc.. Um dia percebeu o que não queria na sua vida e decidiu terminar a sua relação com campanhas publicitárias de multinacionais como as que escrevi. Rumou a Espanha onde se sentia como em casa, diz. Mas o marido, alemão, não. Então, rumaram a Alemanha. Agora o marido encontra-se feliz e Mary, não :) (A vida é tramada!).

Quando era miúda, o meu pai fartava-se de nos tirar fotos, e eu lá me deixava fotografar... Mas quando cheguei à adolescência, fiquei simplesmente a odiar que me tirassem fotos. E essa fase durou até eu precisar de uma foto decente para colocar no meu CV, ou seja, há um ano e meio :). Eu já tinha uma foto tipo passe, tirada em Portugal. Mas quando mostrei ao pessoal daqui, até apanharam um susto! E disseram-me: "Hmm... Ana, se tu envias um CV aqui na Alemanha com essa foto, podes bem esquecer em conseguires um emprego!"
"Ok!", disse eu. "R., amanha vamos fazer uma sessão de fotos minhas lá em casa até conseguirmos uma decente". E assim foi. Passadas 2 horas a pousar de vários ângulos, de olhos fixos na câmara fotográfica, coleccionámos umas... 200 fotografias. Depois de uns retoques dado pela mana, finalmente consegui A foto decente.
Assim, aprendi que as poses e sorrisos se treinam e que até é possível tirar-se uma foto em que eu fico bem. Incrível!

Mary, neste momento não trabalha. Optou por ficar em casa a tomar conta dos miúdos, mas sempre que saímos, leva atrás de si, o seu "bebé": a sua máquina fotográfica. E numa dessas nossas saídas, lá insistiu para me tirar umas fotos. E eu, um pouco mais à vontade com a objectiva do que há uns dois anos atrás :), deixei-me levar pelo seu entusiasmo. Demais!... É demais ser-se fotografada por alguém profissional, pois passamos o tempo a ouvir: "Uau! Fantástica! Uau! Liiiinda! Um pouco mais de sorriso... Vira-te um pouco para a direita, e queixo para a frente. Uau! Maravilhosa!!!" :D O que eu me farto de rir e de me divertir! Ela tem mesmo jeito :)

Não é que esteja a pensar em me candidatar a outro emprego, mas é sempre bom ter algumas fotos "decentes" para colocar no meu CV. A que enviei da última vez foi a que resultou da sessão fotográfica cá em casa (que pelos vistos funcionou). E como a Mary continuava a aliciar-me com mais uma sessão fotográfica, decidi aceitar, mais uma vez, o desafio. E ontem lá fomos, ela com máquina e tripé e reflectores às costas (que eu também ajudei a acartar) e eu vestidinha que nem executiva!
O sítio foi escolhido por ela: uma zona com edifícios em estrutura metálica de fundo, perto da zona do porto, mesmo em cima de uma ponte pedonal. Estão a ver o pessoal a parar, para ver o que se passava? "Mas é actriz?" :D
Quem diria!? Eu que detestava que me tirassem fotografias, a deixar-me fotografar num ambiente completamente envolvido de gente a olhar para mim!
Nesta sessão, aprendi que as poses e os sorrisos se conseguem manter por alguns segundos e até minutos, bastando para isso, pensar em algo que nos faz feliz. E não foi difícil porque na verdade estava/estou feliz!

Não há que ter vergonha em se dizer que se está feliz. Estou. E digo-o sem problemas. Podia ser sempre melhor: podia estar junto da minha família, dos amigos que deixei em Portugal,... Mas, com o que tenho, agora, (mesmo vivendo nos nossos 47m2 de apartamento) somos felizes, sim.

p.s.: Mary é como a minha mãe que é enfermeira: "Levar uma vacina, Ana? Não custa nada! Anda cá! Vês? Já está!". Passados uns dias, pergunto: "Então mãe, ouvi dizer que fugiste do dentista quando ele te quis dar a anestesia...!!!??".

terça-feira, 28 de julho de 2009

O Grito da Gaivota II

Sou portuguesa. Nasci em Portugal, na ponta da Europa. E só sei o que é ter como fronteira, onde o sol nasce, um único país e do lado onde o mesmo se põe, um oceano. Viajar até um país no centro da Europa significa ter de passar pelo menos por uns 4 países.

Nunca vou falar perfeitamente alemão. Porque simplesmente a comunicação não é apenas a língua que se utiliza, mas também a cultura de um povo. E a cultura de um povo não é só a língua. Por muito bem que se fale uma língua (para além da língua-materna), há coisas que simplesmente nunca serão possíveis de entender, pois a base cultural é diferente.

Com isto, desistam de sonhar que um dia a Ana dirá as suas piadas em alemão para um grupo de 10 alemães (pois as minhas piadas só têm piada em português); desistam de sonhar que um dia a Ana saberá aplicar bem as declinações no acusativo, dativo e genitivo em alemão (opá, mas quem foi que se lembrou de declinar substantivos?); desistam de sonhar que um dia a Ana perceberá, sequer!, 70% das conversas em alemão; e finalmente desistam de sonhar que um dia gostarei de sopa com leite ou natas!!!!!!!
Agora, se me quiserem deixar, um pouquinho mais, ser como eu sou (da essência de que sou feita); se me quiserem cantarolar um pouco mais dos vossos dialectos que falam com a vossa família (sem medo de parecer mal!); se me quiserem dar a conhecer a vossa casa e o vosso gato; e finalmente se me quiserem dizer que as roupas coloridas que uso dão vida ao nosso espaço de trabalho, então, aí sim! Venha daí a sopa com leite e natas e queijo coalhado! Marcha tudo!!!

Uma terra sem imigrantes não tem piada nenhuma! São "as gentes de fora" quem dão mais vida a um país. Nada me dá mais vontade de sorrir do que ver um miúdo de origem africana, em plena carruagem do metro, a pular sedento de ritmo e movimento... Eles saltam, cantam, metem-se com as pessoas... Demais! Para mim, o dia parece outro! Iluminado...!

domingo, 26 de julho de 2009

Já passaram dois anos...


Faz este mês dois anos que enchemos o carro e partimos para Hamburgo.
Foi um mês cheio de emoções e expectativas, festas de despedida, alguns preparativos, e principalmente cheio de muito carinho e respeito pela decisão que tomámos.
Não fazia ideia do que me esperava. Acho até que nem queria mesmo saber, pois temia que se o soubesse, desistiria a meio.

Lembro-me de dizer ao R.: "Será só por 2 anos...!"
Os dois anos já passaram (a correr) e nós por aqui andamos, ainda com tanto por ver, conhecer, viver! Dois anos de experiências únicas e intensas cheias de novos desafios e batalhas vencidas. Que nem por um segundo nos arrependemos.

E sai um VIVA aos desafios!!!

Meu Gil


Mais uma noite inesquecível na Fabrik. Gilberto veio até nós! E presenteou-nos com um concerto cheio de energia e canções de dançar e saltar. Não cantou esta (já houve concertos em que ousou dedilhá-la e essa era a minha esperança) mas não me importou nada! Gil trouxe na mala um conjunto de peças que eu ainda não conhecia mas nem por isso me inibiram de as dançar. Se bem que gostaria de ter podido usufruir desta e desta, cantadas ao vivo, pelo próprio!

Vem aí o Agosto!


Ao Domingo, aqui por terras de Hamburgo, há missa também em português. E depois da missa é hábito o pessoal encontrar-se numa das pastelarias perto da igreja. Por volta das 13h é vê-los a chegar: o senhor com fatinho domingueiro de calcinha preta vincada, a senhora com o seu conjunto cor-de-rosa e camisa aos folhos, a miúda com os seus sapatinhos de verniz e meia branca, etc..
Nós, eu e o R., também frequentamos essa pastelaria, num Domingo ou outro. Uns vão à missa... E eu vou mais cedo para marcar a mesa ;)

Há umas semanitas, por volta da uma menos vinte, já tinha eu chegado à pastelaria para cumprir a minha função. Sentei-me e a conversa da mesa em frente chamou-me a atenção. Três tugas de calcinha vincada conversavam entre si formando uma imagem algo familiar: pareciam que se tinham esquivado à missa para ter um dedo de conversa na pastelaria. Falavam sobre as férias de Verão deste ano. E era mais ou menos assim:

Tuga 1: -"E quando lá vamos, credo! É um exagero de comida! Vamos a casa deste e daquele, e em qualquer que seja a casa, lá está a mesa cheia de comida. Uii! É que podem até nem ter dinheiro, mas mesa cheia, não pode faltar!"
Tuga 2: -"Ohm! O meu primo diz que quando lá vai encontra-se sempre com mil e uma pessoas. Eu já não! Já não conheço lá ninguém..."
Tuga3: - "E depois é sempre uma chatice, porque nunca são férias! Na semana passada ligaram para saber quando é que lá apareciamos, que a altura das batatas já tinha chegado. Estão cá com uma sorte!"
Tuga 1: -"E depois é aquela casa que construímos. Enooorme. Para quê? Chegava-nos bem uma casa com dois quartos e um WC. A mulher passa as férias a limpar a casa. E eu a fazer outras coisas. E ela também gosta de limpar as coisitas à maneira dela. A casa tem 5 quartos, cada um com WC..."
Tuga 3: -"Para que é que construíste uma casa tão grande? Agora amanha-te!"
Tuga 1: -"Não estou arrependido, só digo é que se fosse hoje a construir... E depois, passam-se dois e três anos sem que se abra uma janela à casa!"

Sinceramente, pensei que já não existissem, mas que os há, há!

domingo, 12 de julho de 2009

Algo não bate certo...

Há qualquer coisa de muito errada no mundo. E há imagens que valem mesmo por 1000 palavras.

E há coisas que simplesmente não batem certo...

E já agora, porque entretanto tive conhecimento do trabalho realizado por Nuno Coelho, aqui fica o link para um dos seus interessantes trabalhos, que vem mesmo a calhar para este post.

Festa no Bunker


Mais uma noite de sábado preenchida com festa. Mas desta vez, a festa foi num local... Diferente. Num bunker.

Com paredes de quase dois metros de espessura de betão armado, foi construído para fazer parte de um sistema de defesa anti-aéreo durante a Segunda Guerra Mundial (em triângulo, em cujos vértices estariam dois bunkers semelhante a este) sobre a cidade de Hamburgo. O betão com que foi construído foi desenvolvido durante essa época, um tipo de betão altamente resistente cuja "receita" nunca foi revelada a gerações vindouras...
A hipótese de o demolir, passou pela ideia de muitos, mas o custo dessa operação fez quase sempre desistir-se de tal projecto (*). E este, como muitos outros, acabou por ali permanecer até hoje.

Num dos bares nos seus espaços interiores possíveis para tal, realizou-se ontem uma festa latino-americana, com acesso ao terraço de onde se teve, sem sombra de dúvida, uma vista privilegiada sobre a cidade.

Para mim este bunker é como um fantasma que assombra uma das mais interessantes partes da cidade de Hamburgo (mas sem motins :) ), Sternschanze. Um fantasma tao grande que nem com os bares que lhe enfiaram dentro lhe conseguiram tirar esse estatuto. Podiam ter sido criados espaços interessantes ali mesmo, mas acho que ninguém teve coragem de o fazer: pegar no fantasma e devolvê-lo à cidade com nova cara, nova mensagem.

Existem vários bunkers pela cidade mas a maioria passa completamente despercebida (como o da estação central de comboios). Outros tornaram-se sítios especiais onde pessoas se reúnem para praticar escalada (por exemplo!) como aquele de que vos mostrei já neste blogue.

(*) E quem sabe se não será necessário no futuro...

p.s.: Mesmo tomando a decisão de os deitar a baixo, noutros bunkers em outras cidades, muitas vezes a operação falhou como na cidade de Berlim.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Black Box, de parabéns!

Portugal continua a dar o seu melhor, mesmo que seja por caminhos menos visíveis. Aqui fica o artigo na integra, escrito por Ana Rita Faria, sobre a empresa conimbricense, Black Box:
(para quem prefere ler on-line, procurar pelo Caderno P2 na barra da esquerda e ir até às páginas 6 e 7).

"A arte de mostrar o que ainda não existe"
08.07.2009, Ana Rita Faria
Escolhida no meio de 800 candidatos, a Black Box é a única empresa portuguesa nomeada para os prémios da visualização 3D na arquitectura. Hoje, sabe se fica entre os melhores
Tudo o que precisam é de computadores, de câmaras de filmar e de muitas, muitas fotografias. Por vezes um helicóptero também dá jeito, para obter imagens aéreas do local onde irá existir um empreendimento, um hotel de cinco estrelas ou até uma cidade inteira. E, talvez o mais fundamental de tudo, sensibilidade de arquitecto.
Formados em Arquitectura, os donos da Black Box criam imagens e filmes tridimensionais a partir de projectos tão diferentes como um Instituto de Comunicação Social para Angola, uma agência bancária para a Argélia, espaços públicos na Irlanda, uma cidade na Arábia Saudita, uma biblioteca em Barcelona ou uma torre de telecomunicações em Marrocos.
Mas foi a partir de Portugal, com o empreendimento turístico-residencial Douro 41 da Bascol e do Grupo Lágrimas que Miguel Miraldo, Joana Couto e Ricardo Silva conquistaram um lugar entre os cinco nomeados para os Architectural 3D Awards, na categoria de melhor imagem de arquitectura de interiores.
O trabalho sobre o empreedimento à beira do rio Douro tomou-lhes meio ano de trabalho, implicou várias visitas ao local e mais de 50 fotografias tiradas. Os quartos, salas e demais espaços do empreendimento foram mobilados ao gosto dos sócios. Os reflexos de luz nas imagens foram estudados ao pormenor e a vista das janelas para o exterior teve de reproduzir com exactidão os socalcos das margens do Douro, a vegetação e o rio.
O esforço recompensou e tornou a Black Box a única empresa portuguesa nomeada para o concurso que, desde 2004, premeia as melhores produções 3D na arquitectura a nível internacional.Organizado pela CGarchitect, revista online especializada na área, este prémio tem no júri representantes dos principais estúdios de visualização 3D mundiais.
A final realiza-se hoje em La Coruña, Espanha, e quer esta empresa de Coimbra ganhe ou não, "o mais importante é o reconhecimento internacional obtido com a nomeação", explica Joana Couto, de 32 anos. Tal como Miguel Miraldo, também de 32 anos, e Ricardo Silva, de 33, Joana Couto é formada em Arquitectura e cedo percebeu que tinha de encontrar uma alternativa profissional para fugir à saturação do seu mercado de trabalho.
Depois de passarem pelo gabinete de arquitectos como João Mendes Ribeiro e Jordi Badia, os três sócios (que foram colegas de escola no secundário, em Coimbra) decidiram lançar um projecto comum, a Black Box. Miguel e Joana foram os fundadores, em 2003, e Ricardo Silva juntou-se a eles um ano depois, como responsável pelo gabinete da empresa em Barcelona. Ao longo dos anos conquistaram clientes e projectos variados um pouco por todo o mundo.
Hoje, tanto podem fazer vídeos ou imagens de edifícios, empreendimentos ou outro tipo de espaços para imobiliárias e construtoras como recebem encomendas para produzir visualizações para gabinetes de arquitectos que estão a concorrer a um concurso de arquitectura. E, apesar de a crise ter posto um travão no mercado da construção, a Black Box tem-se mantido imune aos ventos desfavoráveis. "Como há quebra de vendas, também há necessidade de publicitar mais e o 3D é fundamental para isso", realça Joana Couto.
O primado da qualidade
Para os clientes da Black Box, a grande vantagem de recorrer ao trabalho da empresa é "começar a fazer publicidade e a vender um projecto antes de estar pronto, com base na imagem do que vai ser", explica a arquitecta. Por outro lado, a visualização 3D de um determinado espaço ajuda também a captar capitais para a própria construção, pois convence mais facilmente os investidores e permite fazer vendas antecipadas.
Além de construtores, imobiliárias e gabinetes de arquitectura, a Black Box já realizou também vários projectos para câmaras municipais. O último foi há dois meses, para a autarquia da Régua, e consistia num vídeo sobre um projecto de requalificação urbana. Mas este tipo de trabalho tem tido mais pedidos por parte do país vizinho. "Em Espanha, o poder local é muito forte e, se houver um projecto camarário que não tenha a aprovação da população, simplesmente não vai para a frente", conta Joana Couto.
Com quatro projectos em média por mês e uma facturação mensal de cerca de 15 mil euros, a equipa de seis pessoas da Black Box (quatro em Coimbra e duas em Barcelona) faz projectos para todos os bolsos, podendo ganhar 900 euros ou 20 a 30 mil num só trabalho. Contudo, Miguel e Joana admitem que os lucros poderiam ser bem maiores se fizessem um outro tipo de trabalho. "A maior parte das empresas da nossa área têm um produto-tipo para aplicar a todos os projectos, mas depois parece tudo igual, quer se trate de um hotel, de uma moradia ou um supermercado", destaca Miguel Miraldo.
Para os sócios da Black Box, o mercado, sobretudo ao nível dos gabinetes de arquitectura, exige um contributo que vai muito para além de pegar numa câmara, tirar umas fotos e modelar tudo no computador. "Estamos a mexer com o bebé dos arquitectos, o seu projecto, o que não é fácil, mas tentamos sempre interpretá-lo e dar um ou outro pormenor que revele o ambiente do espaço que vai nascer", explica Joana Couto. Um esforço que implica limitar a quantidade de trabalhos em agenda.
"Uma das coisas que distinguem a Black Box é não fazer muitos trabalhos, para tentar conseguir a maior qualidade possível em cada um deles", adianta.
O sonho adiado
Numa altura em que o recurso à tecnologia 3D na arquitectura é cada vez maior, a Black Box sabe que é na evolução constante que reside o segredo do sucesso. "Quando criámos a empresa, em 2003, houve um boom de empresas do ramo, mas agora começa a evoluir-se para outro tipo de tecnologias", afirma Miguel Miraldo.
O arquitecto prevê que, em breve, as empresas de visualização tridimensional comecem a recorrer aos óculos 3D, à semelhança do que tem acontecido no cinema, e que invistam nos ambientes de realidade virtual, tirados dos jogos de computador. Isso obrigará as empresas a criar espaços virtuais com os quais as pessoas possam interagir através de um ecrã de computador, abrindo e fechando portas, mudando os móveis de um apartamento ou as cores das paredes.
Paralelamente, a Black Box quer também aumentar o seu investimento no mercado da publicidade, onde tem já como clientes algumas empresas da indústria cerâmica, para as quais faz visualizações de produtos para catálogos. "O mercado de trabalho está a ir no sentido de uma crescente diversificação", realça Joana Couto. De fora parece ficar apenas o trabalho de arquitectura propriamente dito, embora os dois sócios reconheçam que sentem falta de exercer a profissão para que estudaram.
"Quando criámos a Black Box, a ideia era fazer 3D e arquitectura, mas acabámos por ter quase só trabalho de visualização", revela Miguel Miraldo. Os dois sócios reconhecem que o mercado de arquitectura continua "completamente saturado", além de estar a iniciar uma mudança profunda: a especialização. "Em Espanha, já há gabinetes de arquitectura que só trabalham na fase de projecto, outros que fazem controlo de obra e outros que executam, mas em Portugal os arquitectos ainda tentam controlar todo o processo", revela Joana Couto.
A vontade de voltar a assinar projectos mantém-se viva, mas a consciência de que essa actividade não pagaria um salário nem daria para viver transforma a arquitectura num sonho adiado para os donos da Black Box. Para já, interessa serem os melhores e verem isso reconhecido a nível internacional. Quem sabe, mais tarde, não se abram outras portas...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Oh, se marchavam!


O que eu encontrei no meu baú de fotos. O que eu dava por um destes... Como diria o AC: "Ah, saudade...!!"

Ainda sobre os motins...


Reparem nas raparigas que dançam nas costas dos polícias ao som de Michael Jackson e no tipo que veio entregar uma pizza (min 2:50) em pleno espaço de confusão.

Opá... Se isto não é vontade de chatear o pessoal só por chatear, porque se quer apenas passar uma noite recheadinha de adrenalina, então o que é?

E foi assim em 2008, 2007, 2006 e por aí adiante...

p.s.: pareceu-me (pareceu-me!!) que no conjunto de fotos que estão no site do Hamburger Abendblatt que todos soltaram o seu sorrisinho, manifestantes e polícias, tal qual se de um jogo se tratasse. Pareceu-me...!

Foto daqui.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mas não fui a única!


Pois, isto de ir a Portugal e trazer a mala cheia de comidinha boa, não é só para os emigras :P

No avião de regresso vim à janela, como faço sempre questão de pedir ao pessoal do check-in. Ao meu lado, mãe e filha, alemãs. Traziam revistas para devorarem durante a viagem e uma delas era sobre Lisboa. Trazia mapa e tudo! Oiço a filha dizer: "Ja... Stimmt! Larrgo do Quiado!". Foi como se me tivessem enfiado uma agulha de fazer croché no ouvido... Não aguentei, virei-me e disse-lhe em alemão ;) que não se pronunciava assim, mas sim "Chiado". "Para a próxima vez, quando andar perdida pelas ruas de Lisboa, já sabe perguntar pelo sítio certo!". Riram-se e ainda me pediram para confirmar se o som ch de Baixa se pronunciava da mesma maneira.
Vinham deliciadas com a cidade, claro.

Depois aterrarmos em Hamburgo, a mãe alemã que se encontrava na cadeira do corredor, começa a tirar a sua bagagem de mão: casaco, saco de papel, saco de plástico branco com uma caixa de bolos branca do mesmo tamanho da minha... "Elá!!! Aquilo é meu!". Mas não disse nada, pensando que a senhora daria pelo erro. Passados uns 5 minutos, depois de ela confirmar para si mesma (mas a custo) que era a caixa dela, decidi acusar-me como dona da maravilhosa caixa. A senhora ficou tão aflita, mas tão aflita de vergonha que, naquela agitação, para se explicar do equívoco, decide mostrar-me o porquê da sua confusão. Saca então de dentro do seu saco de papel, uma caixa branca de bolos (metade do tamanho da minha :D O que a idade faz...), DOIS queijinhos Palhais, uma lata de sardinhas em lata e mais não vi porque entretanto a filha já lhe tinha dado 3 cotoveladas e dito 2 vezes: "Oh mãe, mas tens de mostrar isso tudo??".
Aquela cena, para mim foi, divina! É que eu já me estava a imaginar na situação da rapariga a tentar que a mãe não mostrasse o "super-mercado todo" que tinha trazido de Portugal. E a mãe a insistir em mostrar, claro!
Achei uma ternura! Uma fila de pessoas à espera que a senhora decidisse arrumar as compras e eu: "Mostre, mostre! E o que comprou mais? Palhais? Muito boa escolha!..."

Há gente que não tem capacidade de apreciar os momento bons da vida, pois a cena teve de terminar quando alguém na fila fez aquele ar de enjoo, tipo: "é para hoje?"

No fim, nem tive oportunidade de lhes explicar onde podem comprar tudo aquilo em Hamburgo. Ok, pelo dobro do preço... E sem o gostinho de o trazer num saco de papel como recuerdo.
Lá seguiram as duas, 50 metros à minha frente, indo a filha a chamar a atenção à mãe como se de uma miúda da escola mal comportada se tratasse. Fez-me mesmo lembrar qualquer coisa :D

Foto daqui.

Os motins de 4 de Julho


Bom, os motins em Hamburgo, lá foram, mais um ano, em Sternschanze como manda a tradição. E como também manda a tradição, à tarde tudo estava calminho. :) Depois, o sol começou a pôr-se, algum pessoal (o mesmo de sempre) começou a munir-se dos acessórios que preparou durante a tarde bem passada com os amigos, à volta da cerveja e... Uma das zonas mais conhecidas e queridas da cidade de Hamburgo transformou-se num campo de batalha. Mas a essa hora, já os que tinham passeado por lá ainda o sol ia alto, ouvindo o som dos batuques de Capoeira, seguindo os cheiros de comidas dos 4 cantos do mundo, apreciando o artesanato de rua e vivendo toda aquela energia entre centenas de pessoas, descansavam nas suas casas. E depois ouvem-se as sirenes... Mas vão para longe!

Hamburgo é mesmo uma cidade especial :)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O padeiro ofendido


Já fui e já voltei. E de cada vez que volto trago "qualquer coisita" na mala: queijito, chouricito, bolitos, enfim... Desta vez trouxe um Pão-da-avó e uma caixa de bolos da pastelaria da rua da minha mãe.

É sempre um corrupio de experiências e aprendizagens que levo de cá para lá e vice-versa. Desta vez, tentei introduzir na referida pastelaria a seguinte frase: "Fica assim!" :) Esta frase não é novidade nenhuma em restaurantes portugueses. Agora, em padarias em que a conta é de 3,70€ e o cliente quer pagar 4€, já não é assim tão vulgar. Sei bem que 30 cêntimos é dinheiro. Com 30 cêntimos compra-se um pão para tapar o buraco de uma tarde sem lanche ou 2 pastilhas Gorila (ainda existem, certo?). Podem servir para quando queremos dar o valor certo a pagar (facilitando os trocos ao senhor da caixa) ou para uma próxima vez, evitar trocar a nota que temos no porta-moedas.
Pois bem, parece que ainda estou a ver o senhor com cara de parvo a olhar para mim: "Mas o que é que esta gaja quer?".

Há coisas que realmente tenho de parar de "tentar introduzir" de uma cultura para a outra. É que a cara do senhor, se bem me lembro, foi mais de: "Mas oiça lá, acha que preciso da sua esmola?! Olha esta agora! Sim, 30 cêntimos são uma fartura! Fique lá com isso que eu tenho mais do que fazer! Anda aqui uma pessoa a trabalhar para no fim, ainda sermos ofendidos por esta gente..."
Foi assim que me senti: que tinha ofendido alguém :)

Confesso que no início da minha estadia aqui na Alemanha, custou-me esta história da gorjeta. Então quando se deixava o equivalente a 6 bicas em Portugal... Ficava fula! Mas entretanto o hábito introduziu-se no nosso dia-a-dia e até nem me sinto mal de todo (e não, não tenho nenhuma plantação de notas no quintal lá de casa). Obviamente que maus serviços existem aqui, em Portugal ou na China :D E para esses não há nada para ninguém!

p.s.: foto daqui.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Post aos Emigrantes II

Hoje é novamente feriado em Portugal. Sem comentários.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Então, foi assim:


Ontem tive a minha primeira apresentação sobre o trabalho que estou a fazer.

Resumidamente, lidero a execução de um dos documentos do tal projecto europeu que já aqui vos falei. O meu documento (Task 1.4 "Communication strategies") é resumidamente sobre change management na área da construção civil europeia. Existem umas dezenas de tasks. Na minha estamos a tentar perceber quais serão os agentes da mudança que permitirão implementar um model based and collaborative work. Depois de percebermos quem serão os agentes estaremos em condições de definir as estratégias a implementar daqui a... Sei lá! Uns 20 anos (na Alemanha :P).

Ontem reunimo-nos (alguns do grupo de pesquisa) para delinear tarefas necessárias ainda a realizar para que o documento esteja em "versão final" até dia 19 deste mês.
Claro está, voltei a ir que nem executiva! Calcinha de vinco, blazer a condizer com camisa e sapatito raso. Mas desta vez de computador na mão!

Opá... o que dizer? Correu bem! Tendo em conta que eram 5 alemães e uma tuguinha... Que entre eles falaram durante toda a reunião em alemão (coisa que eu já esperava), que do sentido geral das ideias surgidas e comentadas percebi 80%, do vocabulário usado por eles 60 %... Não foi mesmo nada mau! O que interessa é que apanhei o que tenho de fazer no próximo passo.

Quando saí de Portugal sonhava. Gostava de vir a trabalhar numa empresa onde tenha de viajar muito. Gosto de viajar, sinto-me livre. E com malita do computador na mão, que nem uma executiva!

E ontem foi exactamente isso que aconteceu! A reunião foi na Hochtief, a maior construtora alemã. Seria impensável sequer, em Portugal, pensar que teria hipótese de entrar na Teixeira Duarte, Sá Machado, Edifer... (exemplos estes que como diria o "outro": Ana, não tem naaaaada a ver!) E aqui, entrei pelo edifício daquele gigante adentro, atravessei aquela entrada de portas envidraçadas, percorri aquele hall de entrada enorme e luminoso, subi um dos elevadores panorâmicos que me levaria à sala de reuniões, preparei o computador e os meus apontamentos e fiz a minha apresentação.

Ontem estava a caminho de casa, já de volta de uma viagem de 2 horas e meia (5 horas no total) de comboio rápido, e pensava: bolas... Então é isto... Estou de rastos! Espero que a próxima viagem seja daqui só a alguns meses!

Quando andava à procura de emprego em Portugal, fui até à maior construtora metalúrgica portuguesa entregar o CV. Lembro-me como se fosse ontem. Não passei da recepção. Mandaram-me preencher uma folha com os meus dados. Entreguei-a e ela voou pela mão da recepcionista para um monte de folhas-irmãs de outras centenas de candidatos. Não deixei CV. Disseram-me que me contactavam.

Post aos Emigrantes

Bom, neste dia, 10 de Junho - Dia de Portugal, enquanto uns estao no "duro" outros estao a apanhar sol! :P

domingo, 7 de junho de 2009

Como assim, amigo??


Temos um amigo dinamarquês a quem eu chamo de Big Friend, porque para além de ter um carinho especial por ele, ele é mesmo Big, enorme, tipo Viking. Conheci Thor num encontro europeu de juventude na Dinamarca.
Numas das primeiras vezes que Thor esteve em Portugal, juntámo-nos, Thor e o grupo de tugas que se tinha conhecido nesse encontro.
Fomos até ao Bairro Alto comer num restaurante fantástico de comida sul americana. Já não me lembro bem, mas penso que o restaurante era mexicano. Thor pede um bom belo bife que, tal era o seu tamanho, apenas conseguiu comer metade.

O dinamarquês é diferente do português. O português pensa: "estou cheio mas como paguei, vou comer tudo até ao fim!". O dinamarquês, não. Ele pensa simplesmente: "Estou satisfeito. Não preciso comer mais".

O Thor, satisfeito, vendo o Tiago observar o resto do seu bife, pergunta-lhe: "Queres?", ao que o nosso amigo responde "Não".

O dinamarquês é diferente do português. Para o dinamarquês, "não" é não, e só é preciso dizer uma vez. Para o português, não. Um não, é um "talvez", um "insiste mais duas ou três vezes, que eu aceito!".

Entretanto o nosso amigo vai ao WC e a empregada dirige-se à nossa mesa e retira os pratos de quem já tinha terminado de comer, incluindo a metade do bife gigante do Thor. Quando o Tiago volta do WC, repara que a metade do bife gigante desapareceu... Bem, nunca tinha visto olhos tão arregalados na minha vida, a não ser os do Tiago quando pergunta: "Opá! Que é do resto do teu bife? Deixaste-o levar??? Ainda tinha tanto!". E o Thor, muito calmamente, responde: "Mas eu perguntei-te, se querias...". E o Tiago: "Sim, eu sei! Mas... Quer dizer... Bolas...!"

No outro dia contei esta história ao meu colega mexicano, ao que me diz o seguinte (isto tem de ser partilhado!!!!!): "Por isso é que nós, latinos, percebemos tão bem as mulheres... É que elas nunca dizem o que verdadeiramente querem. Um sim, pode ser um não, e um não um sim. Hoje querem uma coisa, amanhã outra...E nós temos jeito em lidar com essa disparidade. Os do norte da Europa, não."

Como assim, amigo???

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Será?


É isto mesmo! A comunicação é o veículo para a integração de alguém em qualquer que seja o ambiente. Agora que já consigo ter um diálogo em alemão, muitas portas se abrem para mim. Mas antes de o conseguir, lembro-me que era exactamente isto que sentia. Uma sensação de não se pertencer a este lugar. Foi terrível, no início! Não perceber porque riam as pessoas, porque estavam tristes, porque se zangavam... Falavam uma língua que eu não entendia.

Foi neste livro que encontrei por escrito sensações e sentimentos em relação à língua alemã. Quer dizer, não é propriamente em relação ao alemão, em si... Agora o entendo. É em relação a qualquer língua que não se saiba, não se domine.
Emmanuelle escreve:
"As pessoas dizem-me: "Fala, fala, nós compreendemos."
"A necessidade de estarmos juntos, de falar entre nós. De recuperar não só tempo perdido durante o dia com os que ouvem, mas a nossa língua, a nossa identidade."
"Não precisar de me estafar na tentativa de falar oralmente. Reencontrar as mãos, o à-vontade, os gestos que voam, que falam sem esforço, sem constrangimento (...) De súbito desaparecem as frustrações."

Numa destas noites, eu e Judit (colega do curso de alemão, de Barcelona), num pub em Repperbahn, esperávamos pela nossa vez de jogar matraquilhos quando conhecemos dois tugas. Percebi logo que o eram pois falavam entre si português. Mas como eu e Judit comunicávamos em alemão (para treinar) os tugas não se aperceberam que eu era também tuguinha. Nisto, antes que se entusiasmassem com alguns comentários, deixei-me identificar, e disse-lhes "Boa noite!". Resposta do tuga mais pequenito: "Boa noite! Então é portuguesa! Não dissemos nada de mal, ou dissemos?" :) Conversa puxa conversa, o mais pequeno comenta que falo muito bem alemão, para quem cá está apenas há ano e meio. E que ele nunca aprendeu alemão. Não precisa, diz.
O tempo passa, eu e a Judit já jogámos um jogo e já voltámos a colocar nova moeda sobre a mesa de matraquilhos para uma desforra. Volto para a conversa em português, e claro que surge a pergunta: "E então? Porque estás cá?". Lá respondo que tinha vontade de viver outras coisas, ganhar experiência numa empresa alemã, para depois voltar para Portugal. Novamente o mais pequeno diz: "Ohm... Eu queria juntar dinheiro, e por isso vim para cá há 10 anos. Eu vou vendo os meus colegas a pedirem-me para fazer os turnos deles. E eu lá vou dizendo que sim. Ganho mais uns trocos, claro. Mas... Por vezes penso: para quê?. Mas eles tem namoradas e isso. Eu não tenho. E para que quero eu fazer tanto turno?". Nisto, o tuga maior, interrompe-o: "Depende do que queres da tua vida! Eu sei o que quero. Quero poder comprar uma terra no Alentejo (é que eu sou de lá), poder construir uma casita, e viver por lá. Entretido. Com a minha família, claro! Para isso tenho de trabalhar! Ganhá-lo!". :) Nisto penso: ainda "existem"... Foi interessante ter aquela conversa, em que se dá o choque de mentalidades. Parecia que o mais pequeno queria "acordar" do sono anestesiante de emigrante que vem para a Alemanha trabalhar que nem maluco para ter dinheiro. Por pouco pensei que ele iria consegui-lo.

Viver aqui fez-me ver o Emigrante português de outra forma. Tenho bastante respeito por todos eles, na verdade. Arrumaram a trouxa e vieram para um país onde não conseguiam falar a língua, comunicar. E desenrascaram-se! Mas, quantos não devem sentir a frustração de tentarem comunicar-se com pessoas que falam alemão, e não conseguirem? Porque não aprenderam... Eu pude aprender alemão. Mas a maior parte dos que vem para cá, não vêm para aprender alemão! Vem para ganhar dinheiro! Não podem tirar simplesmente 6 meses para tirarem um curso intensivo de alemão, como eu fiz. E acabam por se deixar estar no seu cantinho, no cantinho que os faz sentirem-se seguros, no cantinho onde estão outros como eles, no cantinho português. Entendo-os. Compreendo-os.
A falta de comunicação entre comunidades (sejam elas de que nacionalidade for) é uma prisão. De onde é complicado de sair pois leva tempo! Ainda hoje me sinto frustrada quando não percebo tudo o que me dizem, principalmente se estamos em grupo e de repente todos se riem, e eu... Também! Para não perceberam que perceber a piada, não percebi!
Mas o caminho para um ambiente saudável numa sociedade, é mesmo conseguir-se comunicar. Aprender a língua do país que nos acolhe. No fim, é uma troca de interesses. Nós somos a mão-de-obra barata de que a Alemanha precisa. E eles são quem nos dá a oportunidade de sonhar com um futuro melhor. Mas nada disto é possível se não houver comunicação.
E depois de ultrapassados todos os obstáculos inerentes a tal "prisão", barreira, é espantoso! Passa-se a poder absorver tudo à nossa volta! A cultura de um país é interessantíssimo de se entender. Perceber porque é que as coisas se tornaram da maneira que se tornaram. Perceber porque é diferente do nosso país. Percebermos, principalmente, como "nós" somos... Afinal, quem somos nós? O que somos?

São várias as sensações que tenho ao estar longe de casa (Pt). É perguntar-me "mas que estou eu a fazer na Alemanha?", e ao mesmo tempo, "E o que haverá para além da Alemanha?". É sentir-se a saudade da maresia do Atlântico, e ao mesmo tempo, "haverá maresia no Pacífico?". São cócegas. É um bicho. É um bichito que vive dentro de mim e que quer saber tudo, absorver tudo.
Mary, a minha amiga colombiana, disse-me uma vez: "Vocês portugueses, são como os alemães. Querem ir para outros países para conhecer como vivem, como é a cultura, e depois partem. Porque o vosso lar será sempre a vossa terra". Será?

sábado, 30 de maio de 2009

Uma questão de sorte


Não existe uma só realidade. Existem várias dependendo do país onde se está.
Quando não tinha trabalho aqui em Hamburgo, passava "mais tempo em casa", tempo esse que preenchia com leituras de sites e blogues. Lia de tudo. Dava mesmo a volta ao mundo!

Numa dessas minhas incursões mundiais, encontrei o Generación Y. Desde então consulto-o diariamente pois espero sempre pelo dia em que o texto relate como Carlos e Juan conseguiram alcançar a "liberdade". É um blogue que segundo o estado cubano, "não devia existir" porque é... "Incómodo"! Neste blogue Cuba é apresentada tal como é, por quem conhece a sua verdadeira realidade: uma cidadã cubana.

Todos os dias se fala sobre guerras com banhos de sangue. Umas bem conhecidas de todos, outras mais ou menos, porém o sentimento para quem lê sobre elas é sempre o mesmo: para quando o seu fim?
Porém, outras guerras, são mais... Subtis. São guerras em que não se vê propriamente o sangue, mas o sofrimento é demasiado. Ora passem os olhos pelo último post da Yoani Sánchez.

Tivemos ou não tivemos sorte de ter nascido onde nascemos...?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Hiiirrrrrraaaaaa !!!!!


Quando vou a Portugal, a história repete-se: viajamos no espaço e também na realidade. É uma sensação estranha, para dizer a verdade. Vamos em espírito de "relax", claro, e por isso é que nos parece que entramos noutra realidade. Família e amigos trabalham até tarde e por isso fazem-nos esperar (e desesperar contando minutos) até à hora de jantar, de um café à noite ou com sorte, de um lanche. Por isso, até lá, preenche-se o tempo com actividades que normalmente na nossa cidade nunca teríamos feito se nos encontrássemos a trabalhar.
Quando oiço as pessoas falarem do seu trabalho, também é interessante, volta a sensação de "viagem na realidade". Não há vez que viaje a Portugal e que não me pergunte "mas afinal, o que estou eu a fazer na Alemanha???".
A única explicação que dei sobre o meu trabalho aqui, foi por escrito, num destes giga-mails. Depois disso, poucas foram as vezes que o fiz contando. Parece que a partir do dia em que a missão de encontrar trabalho ficou cumprida, deixou de ser para mim (para os outros?) interessante de explicar melhor o que faço.
Da última vez que estive em Pt, alguém me fez a pergunta: "mas pelo menos estás a gostar?"
A distância tem destas coisas: passado algum tempo, contar a novidade com entusiasmo, desaparece. Porque para mim é novidade até à segunda, terceira semana. Mais do que isso, já não. E como só vos vejo "de vez em vez", torna-se difícil guardar o entusiasmo, para quando vos encontrar numa próxima vez, voltando a soltá-lo.
Mas a resposta à pergunta que todas as vezes me faço quando estou em Portugal, eu já a sei! Só me esqueço dela, por vezes. E é quando eu caminho pela nossa rua em Hamburgo, coberta pelas ramas das frondosas árvores de um verde forte, salteada por coelhos e esquilos à solta, ensurdecida pelo canto dos pássaros despertos pela Primavera, que volta à minha memória a resposta: "Ah! É por isto! E ainda pela oportunidade que me deram de trabalhar no projecto europeu! E ainda pelos amigos de várias culturas que me abriram seus braços! Pelo que me desenvolvi em diferentes línguas que falo agora fluentemente! Enfim, pelas portas que se abriram na minha vida".
Dois anos já terão passado em Agosto, e tudo, mas tudo o que passei até agora valeu a pena.
Quero voltar a viver aí. Vou voltar. Não com uma mala cheia de dinheiro, conduzindo um Mercedes :P mas sim com uma bagagem cheia de conhecimento que levo em minha mente e coração. Isso foi o que vim cá fazer: crescer.

E sabem que mais? Custou-me imenso escrever este texto... Está bonito, está... Qualquer dia, sei falar todas as línguas e nenhuma de jeito.
A semana passada comecei outro Tandem: português-espanhol. Não estava propriamente nos meus planos aprender espanhol (aperfeiçoar o meu portunhol, portanto!), mas a verdade é que não consigo dizer que não, quando sou abordada por alguém que quer aprender a língua de Camões. Não há nada a fazer, derreto-me toda!! Chama-se R., é meu colega de trabalho e vem do México. Hoy compré mi primero libro en español: "Cuentos cubanos" (Onelio Jorge Cardoso, Virgilio Piñera, y outros más)
E o tandem de indonésio (perguntam vocês)? O António Pitoyo regressou às origens, não há hipótese! E era bem "descomplicadinha", a língua indonésia. É que eu para ler espanhol, por exemplo, tenho de tentar produzir os sons das palavras, para conseguir perceber o sentido da frase, já que o que conheço dessa língua é a sua sonoridade. As palavras espanholas nao representam para mim qualquer significado, excepto aquelas que se escrevem da mesma maneira em português.
Aliás, até em português isso me acontece: a visualização de uma palavra, só por si, já não significa de imediato algo. É como se de uma descodificação se tratasse: as palavras passaram a ser um bolo de letras, que baralhadas e ordenadas de outra maneira, sei que darão mais palavras mas noutras línguas. Puf...! Só de pensar nesta baralhada de letras, os meus olhos reviram de cansaço. Vou mas é descansá-los...

Hasta!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Carta ao Miguel


Olá, Miguel!
Sobre o quereres vir para a Alemanha trabalhares, existe uns quantos assuntos que deves ter em atenção:
O ideal é arranjares aí o trabalho e depois vires para cá. Nesse caso tens tudo na mão. O que te aconselho é tratares de escrever BEM o teu CV, bem como a carta de apresentação. Aconselho mesmo a consultares um profissional. Tem em atenção que aqui terás mais hipóteses se a tua carta for de "um futuro líder". Nós tugas, crescemos a ouvir os outros dizerem que não valemos nada, pois também eles cresceram assim, a ouvir isso deles (Ah! E claro a ouvir dizer que ser-se "Chico-Esperto" é que é bom... Enfim... ). Devemos ser o povo com a auto-estima mais em baixo que eu conheço! A consulta a um profissional de recrutamento de mão-de-obra vai ajudar-te a definir o teu perfil profissional e a poupar-te muito tempo! Não na carteira a curto mas sim a longo prazo.
O importante é tu começares a "tornar-te visível" no resto do mundo. Procura sites de recrutamento e põe o teu CV on-line. Mas um CV BEM ESCRITO, SEM ERROS, DIRECTO, 2 PÁGINAS no máximo, e mais o que o profissional te disser :) Foi num destes sites que me encontraram!
Muito importante: o ideal era inscreveres-te nos sites do país para onde queres ir. De preferência na língua deles, claro. Se não, coloca mesmo na língua inglesa (aqui começa logo a dificuldade em conseguir perceber o que pretendem, se não souberes a língua. Mas é assim mesmo, o mercado de trabalho internacional. Mostra o que vales e mostra que consegues ultrapassar essa primeira dificuldade).

Se estás a pensar em fazer as malas e vir na mesma sem trabalho, pensa duas vezes! Por várias razões: a crise já chegou aqui, sim, e veio com força! Neste momento um colega meu engenheiro electrotécnico da minha empresa, passa os dias à espera que lhe arranjem projectos. Ele vai todos os dias para a empresa e passa o dia na net, à espera... Não está fácil. Muitas grandes empresas estão MESMO à rasca.
Porém também aprendi que as grandes empresas estão sempre à procura de pessoal, mas não de "carne para encher chouriço". Procuram pessoas especiais (como eu, como tu...) que mostrem algo diferente e bom, pois a crise veio para ficar e eles querem pessoas inovadoras, capazes de fazer frente a uma crise.

Não sei qual é a tua área profissional, mas o que sei é na área da eng. civil. Se a tua experiência é em direcção de obra, e não falas a língua, esquece... Tens de mentalizar-te de que aqui, para esse lugar, não te safas. Se for na área de projecto, já tens bastantes hipóteses, falando inglês, claro.

Ainda sobre o caso de estares a pensar em fazer as malas e vires sem nada: atenção à assistência médica! Se já trabalhaste, a partir do dia em que deixas o trabalho tens direito a 6 meses de "caixa", em qualquer país da UE. Depois dos 6 meses estás por tua conta. Ainda não estamos como nos EUA que te deixam à porta do hospital a morrer se não tiveres seguro, mas não será agradável no fim do tratamento receberes uma conta exorbitante para pagares.
E pensas tu: "Hiii... 6 meses são mais do que suficientes para arranjar emprego!". NÃO, PODE NÃO SER. Isso pensava eu... :) Tens vários entraves: língua (o mais importante de todos), experiência profissional (que pode ser completamente diferente do que se faz em Portugal), custo de vida, e estares sozinho numa terra em que preferem fechar-se em casa do que ir conviver e beber um copo às 21h!!!

Bom, para terminar: faz o Trabalho de Casa. Lê bastante sobre este tema, procura bem na net e não falhes às recomendações que os sites de recrutamento te dão.
E se for para vires para fora, é para vir com tudo! É fortíssima a concorrência e é preciso saber mostrar o que de melhor temos! A meu ver é tudo uma questão de auto-estima portuguesa... Ainda não confirmei com ninguém esta minha teoria :P Ah! E um pouco de sorte. Mas essa, já não controlamos :)

Muito boa sorte!

bjs